A avaliação da aprendizagem como processo construtivo
de um novo fazer pedagógico
Os métodos de
avaliação ocupam, sem duvida, espaço relevante no conjunto das práticas
pedagógicas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste
contexto, não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não é
simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de avanço ou retenção em
determinadas disciplinas. Para Oliveira (2003), devem representar as
avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado
efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que forneçam subsídios ao
trabalho docente, direcionando o esforço empreendido no processo de
ensino e aprendizagem de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o
mais pertinente método didático adequado à disciplina – mas não somente
-, à medida que consideram, igualmente, o contexto sócio-político no qual o
grupo está inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível.
A avaliação da
aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a melhoria da qualidade de
ensino, informando as ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações
constantes.
FUNÇÕES DO PROCESSO AVALIATIVO
As funções da avaliação são: de diagnóstico, de verificação e de apreciação.
1.
Função
diagnóstica - A primeira abordagem, de acordo com Miras e Solé (1996, p. 381),
contemplada pela avaliação diagnóstica (ou inicial), é a que proporciona
informações acerca das capacidades do aluno antes de iniciar um processo de
ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom, Hastings e Madaus (1975),
busca a determinação da presença ou ausência de habilidades e pré-requisitos,
bem como a identificação das causas de repetidas dificuldades na
aprendizagem. A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do
aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e a aprendizagens
anteriores que servem de base àquelas, no sentido de obviar as dificuldades
futuras e, em certos casos, de resolver situações presentes.
2.
Função
formativa ou de verificação - A segunda função é a avaliação formativa que,
conforme Haydt (1995, p. 17), permite constatar se os alunos estão, de fato,
atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade entre tais
objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das
atividades propostas. Representa o principal meio através do qual o
estudante passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo para um
estudo sistemático dos conteúdos. Outro aspecto destacado pela autora é o
da orientação fornecida por este tipo de avaliação, tanto ao estudo do aluno
como ao trabalho do professor, principalmente através de mecanismos de
feedback. Estes mecanismos permitem que o professor detecte e identifique
deficiências na forma de ensinar, possibilitando reformulações no seu trabalho
didático, visando aperfeiçoá-lo. Para Bloom, Hastings e Madaus (1975), a
avaliação formativa visa informar o professor e o aluno sobre o rendimento da
aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a localização das
deficiências na organização do ensino para possibilitar correção e recuperação.
A avaliação formativa pretende determinar a posição do aluno ao longo de uma
unidade de ensino, no sentido de identificar dificuldades e de lhes dar
solução.
3.
Função
somativa ou de apreciação. – Tem como objetivo, segundo Miras e Solé (1996, p.
378) determinar o grau de domínio do aluno em uma área de aprendizagem, o que
permite outorgar uma qualificação que, por sua vez, pode ser utilizada como um
sinal de credibilidade da aprendizagem realizada. Pode ser chamada também
de função creditativa. Também tem o propósito de classificar os alunos ao final
de um período de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento. A
avaliação somativa pretende ajuizar do progresso realizado pelo aluno no final
de uma unidade de aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos por
avaliações do tipo formativa e obter indicadores que permitem aperfeiçoar o
processo de ensino. Corresponde a um balanço final, a uma visão de conjunto
relativamente a um todo sobre o qual, até aí, só haviam sido feitos juízos
parcelares.
OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO
Na visão de Miras e
Solé (1996, p. 375), os objetivos da avaliação são traçados em torno de duas
possibilidades: emissão de “um juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma
situação ou um objeto, em função de distintos critérios”, e “obtenção de
informações úteis para tomar alguma decisão”. Para Nérici (1977), a avaliação é
uma etapa de um procedimento maior que incluiria uma verificação prévia. A
avaliação, para este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação, julgamento
ou valorização do que o educando revelou ter aprendido durante um período de
estudo ou de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem. Segundo Bloom,
Hastings e Madaus (1975), a avaliação pode ser considerada como um método de
adquirir e processar evidências necessárias para melhorar o ensino e a
aprendizagem, incluindo uma grande variedade de evidências que vão além do
exame usual de ‘papel e lápis’. É ainda um auxílio para classificar os
objetivos significativos e as metas educacionais, um processo para determinar
em que medida os alunos estão se desenvolvendo dos modos desejados, um sistema
de controle da qualidade, pelo qual pode ser determinada etapa por etapa do
processo ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em caso
negativo, que mudança deve ser feita para garantir sua efetividade. A avaliação é a parte mais importante de
todo o processo de ensino-aprendizagem. Bevenutti (2002) diz que avaliar é
mediar o processo ensino/aprendizagem, é oferecer recuperação imediata, é
promover cada ser humano, é vibrar junto a cada aluno em seus lentos ou rápidos
progressos.
O grande desafio
para construir novos caminhos, segundo Ramos (2001), é uma avaliação com
critérios de entendimento reflexivo, conectado, compartilhado e autonomizador
no processo ensino/aprendizagem. Desta forma, estaremos formando cidadãos
conscientes, críticos, criativos, solidários e autônomos. Os novos paradigmas
em educação devem contemplar o qualitativo, descobrindo a essência e a
totalidade do processo educativo, pois esta sociedade reserva às instituições
escolares o poder de conferir notas e certificados que supostamente atestam o
conhecimento ou capacidade do indivíduo, o que torna imensa a responsabilidade
de quem avalia. Se as nossas metas são educação e transformação
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