domingo, 14 de outubro de 2012

Níveis da Escrita segundo Emília Ferreiro




PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
 

INTRODUÇÃO



Desde a década de 80, no Brasil, como em outros países latinos, é impossível falar de alfabetização sem mencionar a importante contribuição de Emília Ferreiro para a compreensão de como a criança constrói progressivamente suas hipóteses sobre a escrita a que está exposta.
Por outro lado, embora a autora deixe claro que não é sua intenção a de propor uma metodologia de ensino para a alfabetização, a repercussão das suas reflexões foram imediatas no sentido de alterar a maneira como coordenadores pedagógicos, gestores e professores viam o ensino de alfabetização. Nunca na história houvera um reflexo tão rápido entre teoria e prática na escola, como foi o construtivismo baseado das reflexões de Emília Ferreiro. E isso tem suas conseqüências positivas, mas também deu origem a muitos equívocos.


1.     DIAGNÓSTICO DA TURMA

A sondagem da escrita é um recurso essencial para o professor alfabetizador, pois permite identificar quais hipóteses as crianças têm acerca do funcionamento da língua.
Para detectar o nível de conceitualização da criança, sugere-se um ditado individual de quatro palavras, evitando ditar o monossílabo em primeiro lugar, (polissílaba, trissílaba, dissílaba e monossílaba) e uma frase.
Em seguida, pedirá à criança para “ler” o que escreveu, com a finalidade de entender como ela “lê”. Adote uma marcação nos textos ou palavras produzidas pela criança, pois será útil para registra como a criança lê o que escreve e se ela se detém ou não em cada letra. Combine antes com a criança que ela pode escrever da melhor forma que conseguir, mesmo que não convencionalmente.
A escolha das palavras também deve seguir um roteiro. Deve-se escolher palavras do mesmo campo semântico (lista de palavras com nome de animais, nome de brinquedos) e ter cuidado para que as palavras não tenham letras repetidas ( MACACO/ AAO dependendo da hipótese que o aluno esteja ele pode recusa-se a escrever.)
É importante que se mantenha o foco: a sondagem deve ser individual, o que torna necessário propor ao resto da turma uma atividade que dispense ajuda. Dessa forma, a mudança de um nível para outro só ocorrerá quando o aluno se deparar com questões que o nível em que se encontra não puder explicar: elaborará então novas suposições e novas questões e assim sucessivamente. Em decorrência, pode-se dizer que o processo de assimilação de conceitos é gradativo, o que não exclui “idas e vindas” entre os níveis. Só assim o professor estará apto a realizar mediações que permitam efetivamente a construção da base alfabética da escrita.
A seguir uma breve análise dos níveis conceituais lingüísticos:
  • Nível 1: Pré-silábico: 
  • Nível 2: Silábico
  • Nível 3: Silábico- Alfabético
  • Nível 4: Alfabético
 


2.     NÍVEIS DA ECRITA

Pré – silábico
 
  •    O aluno ainda não vislumbra que a escrita tem a ver com a pronúncia das partes de cada palavra. Fazem tentativas de correspondência figurativa entre a escrita e o objeto referido. (Objeto grande-palavra grande, objeto pequeno – palavra pequena).

  •   Usam as mesmas letras para escrever várias palavras ou recusam-se a colocar letras iguais na mesma palavra.

  •   Usa desenhos ou rabiscos para representar a fala.

  •   Acreditam que escrevem apenas o nome das coisas (substantivos)

  •  Crianças um pouco mais avançadas já entendem que só se escreve com letras.

 
Silábico

  • O aluno faz correspondência quantitativa de sílabas orais (uma letra para cada sílaba na palavra e uma letra para cada palavra na frase ou uma letra por sílaba oral na frase.).

  • Começa a compreender que tudo que se diz se escreve, não só os substantivos.

  • Faz tentativas de dar valor sonoro para cada uma das letras que compõem uma escrita.

  • A criança pode estar silábica na escrita, mas em outra fase na leitura.


  • Cada aluno pode ser silábico ao seu modo.
 Silábico que escreve:
  • Com pseudoletras
  • Com letras
  • Os que só conhecem as letras do nome.
  • Os que só conhecem mais letras ou todas. 
  • Os que associam as letras aos sons convencionais.
 
Silábico – alfabético

  • Nesta fase o aluno está em conflito entre a hipótese silábica e a exigência de quantidade mínima de caracteres.
  •  A criança descobre que a sílaba não pode ser considerada como unidade, mas que ela é composta de elementos menores, as letras.
  •  Enfrentam novos problemas:Percebem que uma letra apenas não pode ser considerada uma sílaba, pois existem sílabas com mais uma letra.
  •  Compreende que a identidade do som não garante a identidade das letras e vice-versa.
  •  Descobrem que existem letras com a mesma grafia e  vários sons e sons iguais com grafias difetentes (  X / CH ) – ( C / K ) – ( L / U). E que na maioria das vezes não se fala o que se escreve e não se escreve o que se fala.(denti, orubu, cadiado)
  •   Pode grafar algumas sílabas completas e outras incompletas. (Gaia para GALINHA, Gao para GATO)
 
Alfabético
  •  Reconhecimento pela criança dos sons das letras.
  • Concentrar-se na sílaba para escrevê-la e surge a adequação do escrito com o sonoro.
  • Escreve do jeito que fala
  • Compreende que cada um dos caracteres da escrita (letra) corresponde a valores sonoros menores que as sílabas.
  • Leitura com e sem imagens e surgem os problemas relativos à ortografia.



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