Relações Interpessoais: Afetividade na Relação
Pedagógica
Temos baseado a educação mais no controle do que no afeto, no
autoritarismo do que na colaboração. “Talvez o significado mais marcante do
nosso trabalho e de maior alcance futuro seja simplesmente nosso modo de ser e
agir enquanto equipe. Criar um ambiente onde o poder é compartilhado, onde os
indivíduos são fortalecidos, onde os grupos são vistos como dignos de confiança
e competentes para enfrentar os problemas” – tudo isto é inaudito na vida
comum. Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão
de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança.
A afetividade é um
componente básico do conhecimento e esta intimamente ligada ao sensorial e ao
intuitivo. A afetividade se manifesta no clima de acolhimento, empatia, inclinação,
desejo, gosto, paixão de ternura, da compreensão para consigo mesmo para com os
outros e para com o objeto do conhecimento.
A afetividade dinamiza
as interações, as trocas, a busca e os resultados. Facilita a comunicação, toca
os participantes, promove a união. O clima afetivo prende totalmente, envolve
plenamente, multiplica as potencialidades do homem contemporâneo, pela relação
tão forte como os meios de comunicação e pela solidão da cidade grande, e muito
sensível as formas de comunicação que enfatizam os apelos emocionais e afetivos
mais do que os racionais.
... Precisamos
praticar a pedagogia da compreensão contra a pedagogia da intolerância, da
rigidez, a do pensamento único da desvalorização dos menos inteligentes, dos
fracos, problemáticos ou “perdedores”.
Há uma série de
obstáculos no caminho, a formação intelectual valoriza mais o conteúdo oral e
textual, separando razão e emoção. O professor não costuma ter uma formação
emocional efetiva. Por isso, tende a enxergar mais os erros do que os acertos.
A falta de valorização
profissional também interfere na auto estima. Se os professores não desenvolvem
sua própria auto estima, se não se dão valor, se não se sentem bem como pessoas
e profissionais, não poderão educar num contexto afetivo. Ninguém dá o que não
tem. Por isso, é importante organizar atividades de sensibilização e técnicas
de auto estima. Ações para que seja desenvolvida auto confiança e auto estima,
que resultem em pessoas que tenham respeito por si mesmos e acreditem em si,
que percebam que sintam, e aceitem o valor pessoal e o dos outros.
Assim será mais fácil
aprender e comunicar-se com os demais. Sem essa base de auto estima não
estaremos inteiros plenos para interagir, nos digladiaremos como opostos,
quando deveríamos ver-nos como parceiros.
Edgar
Morim.
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